terça-feira, 1 de dezembro de 2020

Liberalismo (ou libertarianismo) raiz, ou nos costumes?

Esse é um tema que vem me deixando pensativo.

Primeiro, vou contextualizar melhor: eu venho simpatizando mais com uma abordagem libertária. Eu me cansei de defender político, de dar audiência pra política, e pra estado. Essa merda é um câncer mesmo. 

Desde que passei a pensar de forma mais independente, focado no que como indivíduo posso maximizar evoluir como pessoa e como profissional, muitas coisas começaram a dar muito mais certo, colocando na balança, do que errado. Claro que sempre há dificuldades no caminho, há dias em que dá tudo errado, mas a soma final tem dado positiva. Quando falo sobre maximizar, procuro entender que não há mundo perfeito e numa haverá, somos coagidos por estado mesmo, não adianta sofrer pelo que não está em meu controle (Estoicismo), mas eu posso me colocar no papel de protagonista, sabendo que há dificuldades e interferências que não concordamos, mas esse é o jogo do mundo real. Não adianta reclamar que o país tá uma merda, que o político X ou Y é isso ou aquilo. Que o vizinho é isso ou aquilo. A culpa é SUA.

Para o tema, vou dividir em dois tópicos.

Monopólios e cerceamento de liberdades

A liberdade para escolher anda de mãos dadas com a concorrência e a disputa por melhores prestações de serviços. Acabei de saber que o canal Visão Libertária levou um Strike do YouTube. O YouTube, se tratando de uma empresa privada, tem todo o direito de criar as regras que quiserem. Mas será se suas regras são claras o suficiente, e são realmente isentas?

Trago também o contexto de redes sociais, aka Facebook. Na época em que acompanhava os debates políticos, cansava de ver páginas de cunho de direita, conservadores, libertários, levarem block.

E aí vem outro ponto: por quê não temos escolha? Porque YouTube, Facebook, WhatsApp têm um alcance que nenhum outro alcançou. O YouTube se beneficia dos algoritmos indexadores do Google, que convenhamos não foi da noite pro dia que alcançaram tamanha relevância. Para quem usa redes sociais, existe alguma outra com alcance ou popularidade do Facebook? Sem desmerecer, até gente analfabeta usa WhatsApp, temos o Telegram com inúmeras funcionalidades muitíssimo melhores, mas adianta?

Onde quero chegar? Os canais de interação, de diferentes objetivos, dominam. Cagam regras e não expõem com clareza motivos para ban, strike e afins. E ainda: por quê conteúdos de cunho socialista não têm o mesmo rigor? Eu só consigo enxergar um motivo: é muito mais fácil concordar com a galera "humanista", com assuntos ideológicos e supostamente sobre inclusão, do que ir contra eles, pois os "oponentes", além de aparentemente estarem em menor número, são uns cagões e não têm o mesmo empenho que esses socialistas de iphone de darem a cara a tapa. É muito mais fácil que o gado permaneça onde está, com ideias infundadas, e não se dão conta que assim estão perdendo suas liberdades individuais. Esses players procuram deixar essa galera confortável, para que não procurem alternativas.

Dada essa análise, questiono: temos liberdade de escolher a divulgação e o consumo de conteúdo?

Atitudes individuais e opções

Outro ponto que ando pensando, é sobre como podemos genuinamente agirmos sem estarmos em contexto de coerção estatal. Vou usar pseudônimos para cada caso de pessoas próximas.

  • Joaquim é concursado e possui um emprego estatutário. Devido à limitação de empreender e arrumar emprego em sua área de formação, desde que o conheci, já estava neste cargo. Mesmo tendo tido (poucas) oportunidades de crescer na carreira, a vidinha é aquela ali. Mais um que faz parte do tão inchado estado.

  • José é militar da reserva e dá aula em uma universidade. Passou fome na infância, pai alcoólatra, teve poucas oportunidades na vida. Não veio de família abastada, sempre viu nos estudos o caminho para melhorar de vida, e se agarrava nele com todas as forças. Melhorou de vida conforme ia galgando promoções dentro do meio militar. Outro que contribui para estado inchado.

  • Robson é engenheiro formado e trabalha embarcado, escala 15/15, ou seja, 15 dias em plataforma, 15 dias em casa. Não ganha pouco, tem opções, chefia. Está estudando para concurso, para se tornar mais um que o estado precisará arcar com os impostos que somos coagidos a pagarmos.
Estes são os casos mais evidentes. Existem outros, mas a intenção não é alongar. Joaquim não teve muitas opções, a área não ajuda a empreender, a focar em algo que não dependa do estado. José também não teve opções, passou por dificuldades, e mesmo sendo parte do enorme peso de folha do estado, o que poderia ter feito para que seu patrão não tenha sido o meio militar, que indiretamente é custeado pelo estado?

Sobre Joaquim e José, como eles poderiam na prática terem uma vida sem estado? O Brasil é um país muito paternalista, me parece que muita coisa, mas muita coisa mesmo, tem dedo do estado. Não me surpreende a cultura do brasileiro de querer fazer parte de um cargo público. Tem projeto que atuo, mesmo sendo empresa, que tem dedo do estado.

E Robson? Robson tem opções, se é uma pessoa minimamente preocupada em guardar alguma coisa, deve ter algum patrimônio. Poderia nestes 15 dias que fica coçando o saco, estudar programação, que já demonstrou interesse. Qualquer pessoa pode programar, é atividade meio, não fim. Não há mercado protegido. Tem muito mais oferta que procura. Não vou romantizar aqui, é uma área difícil, de muita frustração, mas quem aprender a lidar vai conseguir ter uma vida pelo menos confortável. A pandemia acelerou o processo de digitalização de tudo. O que mais há é oportunidade.

O brasileiro em geral tem uma visão muito imediatista. Na cabeça de Robson, é melhor usar estes 15 dias para estudar para um concurso público, do que procurar se tornar um programador. Isso porque pensa que, tendo passado no concurso, os problemas foram resolvidos. Só que não se dá conta que, isso é apenas o início. Certamente irá querer galgar outros concursos, que paguem mais e se trabalhe menos, porque o que normalmente se busca é isso: "segurança", previsibilidade, ganhar mais que a média do mercado privado, e trabalhar menos, ou não trabalhar.

Não estou aqui afirmando que tudo funciona lindamente no setor privado. Claro que há problemas, gente sacana, que puxa tapete, puxa saco, quem não mereça e etc. A diferença, é que os custos das empresas são da... Empresa. Ninguém é forçado a pagar pelo funcionamento da empresa, diferente do estado. O estado usa da força para que paguemos impostos, não há opção. YouTube, Facebook, WhatsApp, são empresas privadas que cagam regras e não são nada isentas.

Conclusão?

Depois de todo esse momento filosófico, reflito se há mesmo como sermos liberais (ou libertários) em um país que culturalmente se busque estado. Onde se demoniza o indivíduo e se glorifica o coletivo.

Sei que a área de TI, onde atuo, é bem melhor de se empreender. Não nego que minha formação me ajudou sim, mesmo que detestasse programar no início. Mas eu conheço pessoas que mergulharam na programação, sem nem serem da área. Existe uma diferença entre quem quer genuinamente, e quem procura culpados, quando a culpa é sempre nossa.

Como comentei no início desta postagem, eu me identifico mais com as atitudes e os pensamentos liberais. Fazem bastante sentido pra mim. Mas coloquei tantos "senãos", que para ser 100% na prática, me parece bem difícil.

Mas sem sentir culpa ou pensar que só seremos plenos se formos totalmente inclinados nas ideias ou atitudes. Pelo pensamento estóico, um dos pilares é não sofrermos com o que não está em nosso controle. Existir estado, existirem pessoas que têm algum apoio dele, é algo que não posso controlar e que não deveria julgar.

Quando se fala de minimalismo, logo falam de extremos. Mas eu procuro seguir algumas práticas que me fazem bem, eu naturalmente me sinto bem com menos. Falam de ancap, libertarianismo, procuro seguir ideias e atitudes que acredito fazerem sentido e que possa colocar em prática, no contexto que estou inserido.

Ser 100% de alguma ideia ou comportamento, é realmente complicado em um mundo tão heterogêneo.


2 comentários:

  1. a realidade é essa bosta mesmo
    não tem como fugir
    eu mesmo sou funça por necessidade

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