Para quem não acompanhou, falei sobre minha própria experiência de não ter mais um amigo tão próximo para travar conversas sobre dinheiro, em alto nível. Então, voltando alguns anos, vou relatar minha experiência nesta jornada.
Antes de conhecer corretoras, eu fazia o que uma parte considerável dos brasileiros ainda faz hoje em dia: guardava o que sobrava na poupança. Nesta época, eu ainda tinha essa mentalidade de pagar as contas, e depois caso sobrasse eu me pagaria, em forma de aporte na poupança. No entanto, após ler alguns livros e consumir alguns materiais na internet, percebi que eu deveria de fato inverter esta mentalidade: primeiro eu deveria me pagar, pois sou o principal merecedor por salários que recebia. Afinal, meu sangue estava ali, na grana mensal.
Parece clichê "pague-se primeiro", dizem os principais conteúdos sobre finanças pessoais. Só que esta mudança de mentalidade faz uma enorme diferença, para a primeira etapa no caminho do enriquecimento, que é construir a reserva de emergência. Ainda pegando o gancho das recomendações dos principais conteúdos sobre finanças pessoais, a reserva deve ser ao menos entre 3 e 6 meses de seu padrão de vida inalterado. Mas sinceramente, muito antes de me deparar com esta "regra", eu já possuía um patrimônio bem superior, então nunca usei-a de fato. Eu considero, pela minha própria experiência, se você coloca a meta do milhão, deve concentrar seu esforço inicial em poupança e rendas fixas realmente fixas, ou seja, pré-fixadas. Obviamente eu consideraria mesclar rendas "fixas" por IPCA e SELIC, mas existe também o fator emocional envolvido no início da jornada. Imaginem que quem quer investir além da poupança, quer melhores rendimentos, mas dificilmente ainda está preparado emocionalmente para lidar com variações. Variações, eu digo quanto à IPCA e SELIC, que são taxas que variam, então a previsibilidade de quem quer ganhar confiança poderia ser abalada.
Neste quesito, antes de conhecer as corretoras, eu "investi" em poupança e principalmente pré-fixados. Coloquei uma dose pequena em pós-fixados, que seria o proporcional de "risco" que eu tinha confortavelmente assumido. Isso porque, mesmo se fossem possíveis taxas IPCA e SELIC de zero a.m., era a proporção de risco que estava disposto a correr. Então, havia calculado o valor de previsibilidade como renda fixa global, para poder projetar, no pior dos casos, quanto teria de rendimentos líquidos em períodos que planejava remanejar. Mas como saberia quais investimentos deveria fazer, em específico? Nesta época, pedi ajuda de um amigo meu, que estava realizado graduação em economia. Ele achou que seria prudente fazê-lo em um banco que teria o suporte do governo como por exemplo Banco do Brasil e Caixa. Isso aumentava a minha sensação de segurança, em uma época que não tinha quase conhecimento nenhum.
Durante minha caminhada, tive previdência privada (o que até hoje não entendo como agentes de investimentos de grandes corretoras insistem em continuar fazendo), boa parte em poupança, e pasmem: até título de capitalização. Incrível como as pessoas são ludibriadas por coisas assim. Quer apostar? Jogue na Mega Sena! Na mesma pegada, também eventualmente comentam sobre consórcios, ainda bem que nunca tive nenhum.
Antes de casar, em um momento em que estava havendo a farra do crédito, quase caí no conto do financiamento da casa própria. Imaginem ficar 30 anos imobilizado pagando por alguma coisa, que nem sei se irei usufruir por tanto tempo assim? Me assustava na época saber que eu poderia cair nessa, pois não tinha o conhecimento nem o patrimônio que possuo hoje. Eu acabei dando uma sorte enorme, pois minha esposa ganhou o imóvel como foi acertado de herança. Então, desde casado, não possuo despesas fixas para moradia.
Então, chegou o momento em que eu entendi que ainda assim não estava sendo muito inteligente em meus investimentos. Comecei a procurar material de melhor nível, mesmo em uma época em que se falava ainda muito pouco sobre dinheiro. Estou escrevendo sobre o ano de 2010, praticamente 7 anos atrás. Nesta mesma época, estava iniciando o mercado de compras coletivas, e me lembro bem que a primeira "promoção" de estréia (que perdi, pois a demanda foi absurdamente alta) foi de 24 latas de coca-cola, por 5 reais. Aí aconteceu algo inusitado: pintou uma promoção de uma corretora bem conhecida hoje em dia "Aprenda a investir". O preço era bem atrativo, e como eu estava querendo melhorar meus conhecimentos e não estava encontrando nada muito relevante, resolvi comprar.
Fonte sobre as primeiras promoções: 24 latinhas de Coca-Cola de R$ 33,60 por R$ 5 (!) e até cursos para investir na bolsa de valores de R$ 250 por R$ 49, entre muitas outras ofertas.
Só tenho a afirmar que foi o que precisava para dar o pontapé que precisava em investimentos. O curso de um dia inteiro abriu minha cabeça, a ponto de não pensar duas vezes para tirar boa parte do que possuía em bancos e transferir para a corretora. Claro que corretores também visam ganhar em cima de quem investe, afinal ninguém trabalha de graça. O que me deixou muito irritado, foi descobrir que os gerentes de bancos trabalham por metas, então indicam investimentos terríveis. Tudo para cumprir metas. Desde então, passei a ignorar ou cortar o discurso de quem trabalha em banco. Quando me ligavam, eu costumava deixar falar todas as baboseiras a que foram treinados. Mesmo sabendo que isso implicava em perda de tempo minha, fazia questão de fazerem perder seus tempos, ao passo de, quando achavam que iam fechar, eu dizia: "olha, eu já invisto há um tempo, então tenho certo entendimento sobre investimentos. Você está perdendo seu tempo comigo, pois esta categoria X tem estas desvantagens <argumentos>".
Assim como em 2010, fui refém das compras coletivas por um tempo. Já cheguei a adquirir serviços e produtos que acabaram expirando, muita coisa que nem precisava, mas não queria perder a "oportunidade". Hoje esfriei neste mercado, apesar de hoje permitirem o acúmulo como créditos para produtos e serviços expirados, algo que não existia nesta época. Tem muita opção hoje em dia. Acreditava que seria mais inteligente adquirir coisas que na verdade nem precisaria na maioria das vezes, pelo simples fato de estarem mais baratas que o usual. Outra lição aprendida.
Já investi em FII, operei em opções, ações. Ganhei e perdi dinheiro, mas graças aos FII's principalmente, que ganhei mais do que perdi. Hoje penso em voltar ao mercado de ações, mas não pra trazer trades. Aumentei minha exposição em multimercados, um bom percentual permanece em renda "fixa" e analiso ETF's, fundos de ações e até FII's novamente. Penso em FII's, para aumentar o fluxo de caixa.
E cá estou, "casadinho" como gostam de referenciar na globosfera, mas no meu caso foi uma grande vantagem ser casado, também financeiramente falando. Hoje possuo despesas gerais muito menores do que na época em que era solteiro, até porque eu morava de aluguel e precisava arcar com esta despesa sozinho. Ainda mais que dona encrenca também trabalha, e dividimos tudo proporcionalmente.
Não vai me dizer que não é bom demais? 😎
Grande abraço!