domingo, 31 de agosto de 2025

Mudanças

 


Ingressei na estatística dos divorciados. Oficialmente, foi logo depois de minha última postagem antes desta.

Eu já me sentia assim há anos muito menos de dar este passo, por isso em relação à ex, não senti muito. Já estava me preparando mentalmente para isso. Duro mesmo foi lidar com o afastamento com o meu filho, pois antes o via diariamente, e naturalmente a guarda sempre pesa mais para o lado da mãe.

E não, não perdi patrimônio. Essa é a vantagem de manter o sigilo, mesmo com pessoas tão próximas. Não se vislumbrar, não aparecer, fazer com que pensem que você é um lascado (ou alguém que aparentemente não tem condições medianas), vai te salvar desse tipo de enrascada.

Desde antes de sair da casa em que eu morava, já vinha trabalhando minha mente com conteúdos sobre Estoicismo, e pude vivenciar os ensinamentos na prática. Conforme fui me aprofundando em Filosofia, encontrei morada também na linha de Individuação, com os principais filósofos Carl Jung, Arthur Schopenhauer e Henry David Thoreau. Sempre gostei de filosofia, e usei o contexto para priorizar meu crescimento individual.

Hoje, lido com muito mais maturidade em dois aspectos que fazem muito mais sentido: desapego e simplicidade.

O desapego, não apenas material, quanto emocional, foi o que mais me fortaleceu mentalmente neste processo. Fazendo uma auto-avaliação, constatei que nunca vivi segundo minhas regras e me priorizando, sempre vesti máscaras para ser socialmente aceito, e isso sempre me afastou de minha essência. Nunca tive um casamento genuíno, sempre servi meramente como provedor, ainda que não expusesse minha real capacidade financeira, e provoquei retirando propositalmente minha "utilidade" e enfim se desfez. Meu filho possui mais apego com a mãe, mas não o culpo, pois não é verdadeiro forçar uma relação que não seja genuína. Eu sou introspectivo e isso sou eu, porém consigo perceber comportamentos e situações com muita facilidade. Já perdi as contas de quantas vezes visualizei situações que não causaram nenhuma surpresa para mim. Esse é o preço de ser desperto. Trabalhar o desapego é fundamental para nos desprendermos de expectativas para com qualquer outro indivíduo.

A simplicidade é outro ponto que sempre fui questionado: mesmo tendo tamanho patrimônio, eu nunca tive necessidade de ser consumista. Tenho um automóvel bem velhinho, que me atende para o que preciso. Um imóvel que me é suficiente, em um bairro mediano em questões de custo de vida, localidade e acessibilidade quanto à locomoção. Em questões materiais, não tenho absolutamente nenhuma ânsia de consumo, pois tenho o suficiente para sustentar meu hobby (que não exige tanta grana), e quanto aos videogames, também é um custo bem baixo para mim. Enquanto vejo pessoas ansiando por carros maiores e mais confortáveis (e caros para manter), além de imóveis maiores e em bairros de custo de vida bem superiores, eu sinto que já tenho suficiência. No entanto, eu penso sim em mais para o futuro me mudar para uma cidade, quem sabe outro país, em que não me preocupe tanto com violência urbana e que possa conviver com pessoas mais educadas e solícitas. Já fui julgado pelo carro que tenho, pelo imóvel que resido, que posso ter melhores, mas dificilmente entendem que existe um custo muito maior que o financeiro por trás desse estilo de vida consumista e por aparência.

Sem parecer clichê, mas dinheiro é uma ferramenta. Não devemos culpar ferramentas por nossa incapacidade de usá-las com sabedoria. Curiosamente, me sinto confortável de ter alcançado o patamar atual, hoje em torno de 5M, que considero suficiente para fazer o dinheiro trabalhar e me proporcionar uma vida com menos dependência de fontes de renda de trabalho. Visualizo tantas pessoas presas às suas rotinas, precisarem de dinheiro para financiar seus altos custos de vida, e serem meramente úteis enquanto sustentarem um estilo de vida de aparência e servidão. Hoje, ao mesmo tempo que sei que tenho para usar onde bem entender, também não sinto a menor necessidade de usar pela questão de simplicidade e desapego material. Então vocês me perguntariam: para quê serviu todo o esforço de acumular, se você precisa de pouco? Poisé amiguinhos, a resposta é simples: te permite fazer escolhas.

Não comentei por aqui, mas não apenas o processo de me divorciar me trouxe desafios, mas eu também comecei a perder minhas fontes de renda advindas de projetos, um após o outro. Cheguei a ficar um tempo totalmente sem nenhuma fonte de renda. Imaginem o que é lidar com isso, em um momento em que estava sozinho, e começando a me sentir inútil e questionando minha verdadeira capacidade de produção. Mas o curioso, é que em minhas investidas filosóficas, percebi que eu não preciso ser produtivo. Tirei um tempo para apenas desacelerar. Pensar apenas no que eu quisesse, sem cobrança de nada, nem de ninguém. Aproveitei, para começar a aprender a fazer uma renda no mercado de derivativos, de maneira que conseguisse potencializar os dividendos que já possuo de ações e FII's. Como é um mercado mais arriscado, ainda sou novato, sigo aprendendo, mas sendo assessorado por uma pessoa que entende muito, e aplica seu método para obter sua renda também. Como eu sempre quis um objetivo para estudar o mercado financeiro, encontrei aí a oportunidade de tirar essa vontade apenas do campo teórico, e desde que estou aplicando, estou conseguindo ter uma renda, ainda tímida, porém já paga todos os meus custos fixos, sem que eu precise mexer em meu patrimônio. Então, sigo estudando, tenho vários deveres de casa para me enveredar neste caminho, e com apoio desta pessoa, que se tornou o meu guia.

Ao mesmo tempo, como eu não fico apenas parado, estou começando a desengavetar um projeto pessoal. Sinto que estou evoluindo muito em meu hobby. E essa semana lança um jogo que estou aguardando alguns anos para lançarem! Imaginem minha expectativa 😆



Bom, é isso. Tive vontade de voltar aqui e relatar essas mudanças que venho passando, e que estou vivo e bem melhor que antes, por mais difícil que tenham sido todas essas provações. Não sei se quero me relacionar com alguém, racionalmente vejo que não vale a pena por questões jurídicas e emocionais. Talvez eu não saiba o que seja um relacionamento genuíno por nunca ter tido um de fato. Hoje penso que, caso encontre alguém, que seja para somar e que não seja um peso pra mim. Por enquanto, vou curtindo minha solteirice fazendo o que, quando, e como quiser.

4 comentários:

  1. Por coincidência vi recentemente em um podcast (https://www.youtube.com/watch?v=kS9Xz5R2r0U) a seguinte frase: muitas vezes as famílias tratam o provedor como um cavalo puxando a carroça, enquanto a festa acontece em cima da carroça, não lembram nem de fazer um carinho no cavalo.
    Estoicismo é fundamental, a única constante e que nada é imutável.
    E bem vindo a solteirice, quem sabe agora você aproveite a minha vida de adolescente aos mais de 40 anos: vídeo game, salgadinho e punheta. Não ter ninguém dependendo de você tem suas delicias.
    Abraços.

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    1. Caí na real que mulheres amam o que o homem pode proporcionar, e cansei de prover quem não me valoriza. Foi um alívio e hoje tenho plena certeza de que já devia ter dado este passo há mais tempo.
      Curiosamente agora estou cuidando muito mais de minha saúde física, então seguro bastante na alimentação e perdi muito, mas muito peso, por conta do meu novo estilo de vida colocando exercícios físicos como parte primordial de minha vida. Então, salgadinhos e porcarias só de vez em quando, e nem sinto falta.
      O desapego também se aplica a não depender emocionalmente de outras pessoas, então não fantasio mais ter um relacionamento. Isso na verdade foi totalmente despriorizado, tenho tanto a aprender e evoluir em muitos aspectos, que no momento isso só tiraria o meu foco. Se um dia rolar, como já escrevi, que seja para somar.
      A grande parada é que agora não tenho que me preocupar em atender as expectativas de um cônjuge, e isso é ótimo. Enfim, é a minha vez de viver.

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  2. Olá MA40!
    É uma lástima que tenha se separado, a família é uma instituição divina, espero que encontre uma mulher de valor, é bem difícil. No caso de você já tem filho, talvez o melhor seja ser solteiro mesmo, e no tempo livre dar atenção a ele, ao invés de procurar mulheres.
    5M de patrimônio, se você pratica o consumo consciente, controla seus gastos, provavelmente já tem mais que o suficiente pra viver até o final da sua vida, dá uma olhada no blog do mendigo que se aposentou com 2M.
    Abraços.

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    1. Para mim foi uma lástima só por causa do meu filho. Quanto à ex, foi libertação. A família é uma instituição divina desde que exista não apenas na teoria, pode acreditar que pelo menos 90% das famílias que existem são de fachada. Eu já saí com mulheres, mas achei todas elas com cabeça bem merda. O mundo está perdido. Cumpro meu papel como pai, como deve ser.
      Como já devo ter deixado bem claro aqui, consumir com consciência e ter plena noção de gastos está no meu sangue. Sempre tive isso muito evidente sem ninguém nunca ter me ensinado. Talvez demonstre como cheguei até aqui, e hoje me considero muito sortudo, pois sou livre e estou em processo de ressignificar. Agora faço dinheiro com o que sempre gostei, mas para isso construí a base. Também é importante essa questão de ser simples, não por uma questão de ser sovina, pão duro, mas para se desapegar de necessidades consumistas. É melhor poder e escolher não ter, do que não poder e ainda assim se escravizar no materialismo muitas vezes irresponsável.
      Obrigado pela dica do blog, vou acompanhar também. Considerando minhas despesas atuais e estilo de vida, eu poderia me aposentar com 1M, mas considerando perda do poder de compra e longevidade, considero mais seguro ter uma margem de segurança.

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