domingo, 28 de julho de 2024

Auto-avaliação

 Olá. Direto ao ponto: já alcancei algo em torno de 4MM.

Isso sem considerar que fiz a aquisição de um imóvel, que não contabilizo como patrimônio, pois é um bem de usufruto e não planejo vendê-lo ao menos no curto prazo.

Fiz um pequeno experimento, após o período de pujança de mercado, onde fiz caixa considerável, para avaliar se conseguia viver inteiramente dos rendimentos das aplicações. Como eu possuo um custo de vida baixíssimo, ainda que adquirindo um imóvel à vista, com um ótimo desconto, e que atende ao meu perfil pragmático, posso afirmar que vivi muito bem sem necessariamente contabilizar as entradas ainda remanescentes dos poucos projetos que mantenho na ativa.

Portanto, já posso me considerar, com certa tranquilidade e margem de gordura, que sou um FAT FIRE. Isso casa muito bem com meu momento de vida, em que já não tenho mais tanto tesão de trabalhar na área de tecnologia. Sendo bem sincero, nunca hypei essa área, ela me permitiu chegar até aqui, porém nada além disso. As merdas de dia a dia de projetos continuam acontecendo, independente do tamanho da empresa, do negócio, ou de quantas pessoas você lida: é tudo a mesma merda. Passei por situações de perseguição, noites mal dormidas, puxada de tapete, e até calote (e esse em um projeto na gringa, para não ficarem com esse complexo de vira-lata que merda só acontece aqui).

Na vida pessoal, piorou muito. Não posso dar maiores detalhes para não arriscar meu anonimato, mas o lado bom é que eu jamais na vida soube realmente quem eu era e o que é importante para mim. Passo por um processo de introspecção em que cansei de ser coadjuvante de minha própria vida, e com isso tomo atitudes desconfortáveis, porém pela primeira vez na vida sinto que estou vivendo mais genuinamente.

Parar de trabalhar, não me vejo. Mas sinto que já negligenciei por tempo demais administrar o que tanto me empenhei em conquistar. Por isso, no momento, estou fazendo um curso, mergulhando de cabeça em uma estratégia de balanceamento de patrimônio, juntando com uma perspectiva de análise fundamentalista e visão macroeconômica acerca de ciclos econômicos, que adquiri algum conhecimento advindo da Escola Austríaca de economia. São assuntos que acredito que se complementam muito bem para moldar uma gestão mais responsável e antifrágil de patrimônio.

Falando em antifragilidade, um conceito que achei muito pertinente e que combina muito com meu momento de vida, algo que está me ajudando nessa empreitada de respeitar mais minhas prioridades e acender o senso de urgência no quesito de gestão responsável patrimonial, é um conceito que também extraí do Taleb, que é o de opcionalidade. Tal conceito, remete que você pratique alguma atividade, que seja preferencialmente muito diferente do que você normalmente exerce em seu dia a dia, principalmente quando pensamos em trabalho. Felizmente, eu encontrei minha opcionalidade: é de fato algo totalmente desconectado do que sempre fiz profissionalmente, e se tornou um hobby de algo que sempre gostei de fazer quando era mais novo, mas nunca foi prioridade depois que ingressei na vida adulta. Este conceito, até onde entendi, ajuda e muito a encontrar mais equilíbrio em sua vida, inclusive para enxergar seus afazeres e dia a dia com uma diferente perspectiva, e te ajuda muito ao que hoje considero primordial, que é encontrar um propósito.

Então, dado tudo isso, estou encontrando propósito. Não me arrependo do esforço que fiz para chegar ao patrimônio atual, mas com a mentalidade de hoje, eu certamente teria aproveitado mais o percurso. Hoje, por conta deste hobby, tenho gasto mais grana para financiá-lo. E me sinto ótimo em fazer isso.

Enfim, parei de ficar contabilizando patrimônio. Estou nesta transição para administrar e ter maior visibilidade do patrimônio, e de tempos em tempos rebalancear os ativos. Hoje entendo que, não importa se você sabe muito bem avaliar as empresas, entende os setores e indicadores dos ciclos econômicos, se você não possui uma estratégia de rebalanceamento, preferencialmente automatizada, você não vai chegar à lugar algum. Afinal, se saber avaliar empresas fosse suficiente para ser bem sucedido no mercado acionário, todos os contadores seriam abastados, e sabemos muito bem que isso está longe da realidade.

Esqueçam esses "especialistas" e seus modelos preditivos, ninguém sabe de merda nenhuma! Este mundo em que vivemos é reinado por leis naturais de aleatoriedade, então a dor é inevitável, mas o sofrimento e o impacto, não. 

Assuntos para embasarem tudo o que concluo:

Agradeço quem chegou até aqui e espero ter contribuído de alguma maneira. Até a próxima!